sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A Arte dos Índios Brasileiros





Cerâmica

Tradicionalmente, a produção da cerâmica, entre os povos indígenas que vivem no Brasil, é totalmente manual, sem a utilização do torno de oleiro.
A argila (composto de sílica, alúmen e água) é a matéria-prima básica empregada na confecção da cerâmica e certas substâncias, que recebem o nome de tempero, são adicionadas a ela, de forma a reduzir o grau de plasticidade provocado pelo excesso de alúmen. O tempero pode ser de origem mineral (como a areia), animal (conchas trituradas, por exemplo) ou vegetal (como cascas de árvores ricas em sílica, trituradas e queimadas). Uma vez preparada a massa, a técnica mais usual para produzir os vasilhames é a da união sucessiva de roletes (feitos manualmente), utilizando-se instrumentos rústicos, bem variados, para auxiliar na confecção das peças, como cacos quebrados de potes antigos para ajudar a alisar os roletes, pincéis feitos com penas de aves ou com raízes para pintar a superfície, etc.. O tratamento dado à superfície das peças varia muito de povo para povo e de acordo com o uso que será dado a cada objeto. A superfície pode apresentar-se tosca, alisada, polida, decorada (com pinturas ou de outras maneiras) e até mesmo revestida por uma outra camada de argila especialmente preparada para este fim, a que se dá o nome de engobo. Finalmente, a louça de barro, como é comumente conhecida, pode ser queimada ao ar livre (exposta ao oxigênio), ficando com uma coloração alaranjada ou avermelhada, ou pode ser queimada em fornos de barro, fechados, que não permitem o contato com o oxigênio, o que deixa uma coloração acinzentada ou negra.
Entre as sociedades indígenas brasileiras, a cerâmica é, geralmente, confeccionada pelas mulheres. Todas aprendem a fazê-la mas, como em qualquer outra atividade, há aquelas com mais habilidade e/ou criatividade. Atualmente, algumas já se utilizam de tintas e instrumentos industrializados para produzir sua cerâmica. Nem todos os povos indígenas produzem cerâmica e alguns, que tradicionalmente produziam, deixaram de fazê-lo, após o contato com não índios e com o passar do tempo. Entre alguns povos ceramistas, os objetos produzidos são simples.

Pinturas Corporais

Uma das características que mais marcam a cultura indígena, a pintura corporal pode ser vista como tão necessária e importante esteticamente como a roupa usada pelo “homem branco”.
Feita de jenipapo, carvão ou urucum, tem como objetivo diferir os povos, determinar a função de cada um dentro da aldeia e até mostrar o estado civil. Algumas índias utilizam esse método, por exemplo, para “dizer” que estão interessadas em encontrar um parceiro.
O processo de preparação da tinta consiste em ralar a fruta com semente e depois misturá-la com outros pigmentos, como o carvão, para diversificar as cores. Qualquer índio pode preparar o material e depois usá-lo. Entretanto, é importante tomar cuidado com os desenhos a serem pintados. Cada etnia tem sua própria marca e se alguma outra utilizar a mesma, uma luta entre as aldeias pode ocorrer.
A etnia Tenharim, do Amazonas, faz desenhos de bolas em todo o corpo para se caracterizar. Homens usam desenhos maiores para se diferenciarem das mulheres e imporem uma posição de liderança. Já na aldeia Tapirapé, do Mato Grosso, homens podem usar as mesmas figuras das mulheres, mas as mulheres não podem usar as dos homens.




Arte Utilitária


A Primeira questão que se coloca em relação à arte indígena é defini¬-la ou caracterizá la entre as muitas atividades realizadas pelos índios
Quando dizemos que um objeto indígena tem qualidades artísticas, podemos estar lidando com conceitos que são próprios da nossa civilização, mas estranhos ao índio. Para ele, o objeto precisa ser mais perfeito na sua execução do que sua utilidade exigiria. Nessa perfeição para além da finalidade é que se encontra a noção indígena de beleza. Desse modo, um arco cerimonial emplumado, dos Bororo, ou um escudo cerimonial, dos Desana podem ser considerados criações artísticas porque são objetos cuja beleza resulta de sua perfeita realização.
Outro aspecto importante a ressaltar: a arte indígena é mais representativa das tradições da comunidade em que está inserida do que da personalidade do indivíduo que a faz. É por isso que os estilos da pintura corporal, do trançado e da cerâmica variam significativamente de uma tribo para outra.




Marajoara

A partir do século I povos ocupam a Amazônia, desenvolvendo agricultura itinerante, com queimadas ou derrubadas de árvores.Destacam-se os povos Marajoaras e Tapajós, exímios horticultores de floresta tropical, que constroem aterros artificiais para erguer suas casas.Confeccionam cerâmicas usando técnicas decorativas coloridas e extremamente complexas, que resultam em peças requintadas de rara beleza.Peças Marajoaras e Tapajônicas revelam detalhes sobre a vida e os costumes dos antigos povos da Amazônia.As civilizações Marajoaras e Tapajônicas não deixaram para a posteridade cidades e obras de arquitetura, mas legaram á Amazônia uma cerâmica capaz de reconstituir sua história. Louças e outros objetos, como enfeites e peças de decoração, de povos como os que habitavam no Marajó e os que viveram em Santarém, são exemplos da riqueza cultural dos ancestrais dos amazônidas. Diversas hipóteses surgiram indicando possíveis origens da cerâmica da ilha do Marajó.Uma delas, é a de que as fases arqueologicas da ilha do Marajó foram cinco, correspondendo, cada uma, a diferentes culturas instaladas na região e a diferentes níveis de ocupação.
As fases foram Ananatuba, Mangueiras, Formiga, Marajoara e Aruã.A fase Marajoara, ocorrida provavelmente entre os anos 200 e 690 d.C., simboliza a época de um povo que chegou à ilha vivendo seu apogeu.Nesta fase vive-se a tradição policrônica, com exuberância e a variedade da decoração. O povo desta fase viveu em uma área circular, com cerca de 100km de diâmetro, em torno do rio Arari.

Arte Plumária

Além da pintura, os indígenas se utilizavam de penas para seus atavios, arrumadas de tal forma que constituía uma verdadeira obra de arte plumária. Nela visualiza-se o seu perfeito senso artístico. Combinavam todas as matizes de cores provenientes do rico colorido de nossas aves tropicais, assim, como algumas vezes, criavam cores novas. Destes, o enfeite mais pomposo era uma espécie de enorme leque, feito de penas de arara, que circundava todo o corpo do guerreiro como uma auréola , deixando aparecer sua silhueta tal qual um ser sobrenatural.

Uma das maiores expressões artísticas do indígena brasileiro são seus trabalhos realizados com penas e plumas retiradas de aves exóticas presentes na nossa ave-fauna tropical. As penas dão forma e cor ao corpo do indígena, que se apresenta então, como um mítico homem-pássaro, uma metamorfose digna de um semi-deus.

Os tesouros dos índios eram suas penas e plumas, que devidamente trabalhadas de tal forma que constituíam-se em verdadeiras jóias raras e muito preciosas. Quem possuía muitas destas preciosidades era considerado rico.

A arte plumária revela também, a criatividade e o perfeito senso artístico dos índios. Além disso, enfeitar o corpo era uma espécie de auto-valorização, uma maneira de sobressair-se na tribo. Estes enfeites imponentes davam ainda, grande beleza e majestade aos índios.

Diferentemente dos índios Norte-Americanos, que sempre preferiram o uso de penas de uma só cor, o nosso indígena sempre deu preferência à variedade de tipos e cores de seus enfeites de plumas.

Além dos cocares, faziam uso de pulseiras, colares e mantos. Entre os pássaros preferidos por suas belas plumagens, eram o Acuã, o Gavião-Real, o Mutum e, evidentemente, os Papagaios e as Araras, especialmente apreciados pela variedade de cores e padrões de suas penas.

As diferentes combinações chegavam a constituir como um estandarte para certas tribos, mas, normalmente, cada índio enfeita-se como melhor lhe aprouver, sendo os homens os que mais apreciam esses adornos.

A arte plumária ainda continua sendo a arte indígena mais conhecida e admirada por sua exuberância e riqueza.

Tecelagem

A arte de transformar o algodão e as fibras em tecidos e tramas é milenar e carregada de simbolismo. Muitos mitos explicam como heróis civilizadores trouxeram essa arte para o conhecimento das mulheres das tribos, que ainda transmitem esse conhecimento sagrado para as novas gerações. O algodão foi domesticado há milhares de anos por esses povos. É plantado com cuidados especiais e transformado em fios que podem ser utilizados na cor natural ou tingidos com corantes naturais. São diferentes as técnicas utilizadas pelos povos que tecem suas roupas ou apenas tipóias, tangas e faixas. Teares de diferentes formas, técnicas diversas de tecelagem fazem dessa arte um ítem especial dentro da arte indígena brasileira. Os desenhos utilizados nas tramas têm significado e valor espiritual e social, identificando a etnia e seus autores.

(Tecido com algodão, tingido com pigmentos vegetais e adornado de sementes. Usada para carregar crianças e também como adorno .)
(Tecido de algodão feito em tear manual pelas mulheres .)
(Tanga de miçangas sendo confeccionada no tear. )
(Feita de espinhos da palmácea buriti e algodão,usada para espremer a massa da mandioca ralada.)
( Tecida de fibra de tucum, e tingida com pigmentos vegetais.)
(Tecida com miçangas e fio de nylon.)
(Tecida com fibra de tucum e tingida com pigmenros vegetais.)
(Tecidas com a fibra changuar, é tingida com pigmentos vegetais.)
(Tecidos em algodão e tingidos ocm urucum. Uso masculino e feminino)